quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Dia dezasseis.

A apresentação quinzenal.

E eis que chegou o dia.

Bom, na verdade eu antecipei a emoção. A data marcada era 24 de Janeiro, sexta-feira. Mas, como pressinto um final de semana agitado, achei melhor resolver o assunto já hoje. (Isto porque eu sou muito distraída. Muito. E, como tenho a mania de que encorajar a preguiça mental é mau hábito, resisto a agendas como se fossem veneno  e papelinhos no bolso só mesmo quando vou ao supermercado. Por isso, achei por bem rumar já hoje à junta de freguesia, prevenindo assim os dramáticos efeitos de um esquecimento.)

Lá fui eu, então. Cedinho. Nove e pouco da manhã, porque sou adepta do "cedo erguer" e porque em tempos já perdi algumas meias horas da minha vida por me ter ido apresentar depois de almoço. Madrugar foi uma boa opção, claro: quando cheguei só tinha uma pessoa à minha frente, e que até já estava a ser atendida.

E agora, sabendo eu que as apresentações quinzenais dos desempregados, esses momentos enigmáticos e aparentemente decisivos, podem bem ser um enorme mistério para quem está a ler este texto... Cá vai um relato detalhado. Pormenorizado. Talvez até cansativo, dada a quantidade de informação que se segue.

Um balcão. Eu do lado de cá e uma senhora do lado de lá (se fosse um senhor também valia). A senhora diz um "bom dia" quase, quaaaaaase simpático. Eu retribuo e estendo-lhe o papel onde está a data limite para a apresentação. A senhora pega no papel e pede-me o Cartão de Cidadão, sempre de olhos postos no computador. Escreve duas ou três coisas, imprime uma nova folha, carimba-a, volta a olhar para mim e diz-me "dia 6". Seguem-se um "obrigada, bom dia" do meu lado e um "bom dia" do lado da senhora.

E acabou.

Um glorioso minuto, que teve naquele "dia 6", dito em tom militar, o seu momento mais alto. 

E é isto (será isto) de quinze em quinze dias.

É por estas e por outras que, como vêem, a vida de desempregada vale a pena.

10 comentários:

  1. Os desempregados em Portugal são como os criminosos, apresentação quinzenal… ;)
    E não experimentes faltar uma vez, nem que estejas a morrer não podes faltar...

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    1. Pois, eu sei... Depois é uma complicação. Uma graaande complicação. ;)

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  2. É verdade que quem nos atende, não tem a simpatia como uma qualidade...acredito que, na ideia deles, estamos desempregados por sermos preguiçosos...porque queremos estar. Ao contrário da realidade, devem pensar que temos prazer em estar em frente a eles, de quinze em quinze dias, e que até sentimos falta deles no intervalo...enfim!!! É o que temos!!!

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    1. Eu não gosto de generalizar... Já tive muitas más experiências, é verdade, mas as boas também acontecem - e nem são assim tão raras, apesar de tudo. :) Mas percebo perfeitamente a interpretação que faz de certas atitudes, sim.

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  3. quando estas no estrangeiro e bem pior acredita....o que tu foste o fizeste da tua vida ate ali nao interessa e como nunca descontas te naquele pais nao tens qualquer tipo de direito...o teu acesso as coisas parte logo de uma base 0 para tudo ate quando clicas no "apply" do teu computador para qualquer anuncio de trabalho....es emigrante....nao es daqui...e ouves vezes sem conta...estas sao as nossas regras...depressa te aprecebes que ha regras para os nativos e outras para emigrantes e estas segundas nao estao escritas nem salvaguardadas em lado nenhum logo sao o que os nativos bem entenderem....es um zero e nada mais...tu bem tentas e tentas...perceber as regras...mas elas mudam a cada segundo....uma coisa tu tens por certo...quando finalmente arranjares uma treta de um trabalho vais descontar da mesma forma que os nativos ....porque para dinheiro todos passamos a ser iguais....

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  4. Juro que o conceito das apresentações periódicas nunca foi algo que eu atingisse. Estão com medo que haja quem tenha emprego e não consiga - por isso - apresentar 1 vez quinzenalmente ou estão a tentar que a malta não vá de férias no entretanto?

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  5. Também já passei por isso durante quase um ano. Conheci este blogue através da peça que passaram no bloco informativo da SIC e, honestamente, fiquei surpreendida por terem feito uma peça sobre alguém que está desempregado à meia dúzia de dias. Não menosprezando o teu actual estatuto de desempregada, porque também eu já passei por isso, mas parece um pouco injusto dar "importância" ao tema quando existem milhares de portugueses desempregados há anos e com nenhumas perspectivas, ora porque já são velhas ora porque não têm estudos. Mas pronto, é de louvar o que estás a fazer (este blogue) pelo menos para tentar mostrar que sabes fazer que é comunicar. Pelo que li do blogue, gostei bastante e faço questão de o acompanhar. Muita força nesta fase da vida que não é fácil e há em dias em que nos sentimos um autêntico lixo. Eu mesma relatei algumas das minhas peripécias no meu "canto" quando estive desempregada. Espero que esta fase seja curta e que consigas um trabalho o mais rápido possível.

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    1. Obrigada. :) Boa sorte e muita força, também - desempregados ou não, vamos sempre precisando dela.

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  6. boas malta é assim eu esqueci me de apresentar me na seguranca social o tal apresentacao qinzenal motivos que esqueci me passou me e pensei que era no dia 6 para apresentar me e agora ouvi falar que deixavam passar uma falta injustificada 1 ou 2 vezes vi as datas desses comentarios e era de 2011 como ha estamos em 2014 gostaria de saber se isso ainda se mantem que eu nao tenho grande justificacao para lhes dar nem nada a apresentar

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  7. Boa noite. Infelizmente cheguei ao clube dos desempregados! Aqui pela minha junta de freguesia o atendimento não chega a simpatia, olhos baixos pegam no papel e levam para a secretária e no meu caso não apareço no sistema mesmo depois de ter o deferimento da segurança social :( não podemos esperar mais do país em que vivemos parecemos uns prisioneiros.

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