quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Dia três.

Centro de emprego: episódio um.


Regressei. Cerca de três anos depois, voltei a entrar por aquelas portas. Primeira constatação: o desconforto. Segunda: vi mais gente ali dentro desta vez. Muito mais pessoas do que aquelas que lá encontrei nas minhas outras visitas, algures em 2010.

Estive menos de uma hora à espera. Nada mau. Mas tive tempo mais do que suficiente para olhar em volta. Na sala, gente nova; não vi ninguém que me parecesse ter mais de 40 anos. Três bebés. Quatro ou cinco estrangeiros. Mais mulheres do que homens.

Os painéis onde deveriam estar as ofertas de emprego da EURES (rede europeia de serviços de emprego) estão vazios. Mas há outros folhetos espalhados pela sala, e digamos que nesses casos os temas são "geograficamente" mais próximos: formação profissional, estágios ou deveres e direitos do desempregado.

Quando me chamaram, encontrei, à minha frente, a mesma senhora que me atendeu em Agosto de 2010. Não poderia recordar-me da cara dela antes de a ver, mas, quando a vi, reconheci-a logo. É vistosa, pintada, enfeitada. E sempre simpática  desta parte eu recordava-me.

Disse-lhe que, na minha primeira experiência com centros de emprego, também tinha sido ela a inscrever-me. Comentou que, nesse caso, pouca sorte me tinha dado. Fez-me três ou quatro perguntas, imprimiu algumas folhas, desejou-me muito boa sorte e pediu-me que não me esquecesse das apresentações quinzenais. (Começam no dia 24. Não são no centro de emprego, mas na junta de freguesia. Pelo menos para lá o caminho não é a subir. Nem para cá. Faz-se tudo a direito. É bom.)

Saí do centro de emprego com a mesma sensação estranha que tinha quando entrei: aquele lugar deixa-me desconfortável. Talvez por o associar a tempos muito complicados (a minha primeira experiência como desempregada foi longa e muito dura). E porque, no fundo, ir ali é como um símbolo de que, mais uma vez, algo correu mal.

Mas nem tudo é cinzento. Nunca é. A minha manhã foi passada nestas andanças de recém-desempregada mas a tarde foi de amor, cozinhados e boas notícias. Um telefonema trouxe-me uma possibilidade de emprego e uma troca de mensagens também pode vir a dar muito bom resultado. Quanto à minha publicação no Facebook, que por esta altura tem dezasseis partilhas, já me valeu mais dois envios do currículo.

Pode ser que não tenha de me apresentar quinzenalmente muitas vezes.

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