terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Dia vinte e dois.

Perguntas e respostas no centro de emprego.


E lá rumei eu, esta manhã, ao centro de emprego, para uma reunião que afinal foi diferente daquilo que eu esperava. No 'dia quinze' antecipei uma manhã perdida; felizmente, enganei-me.

O que hoje me levou ao IEFP não foi uma simples reunião de desempregados; foi, sim, uma sessão colectiva de esclarecimento sobre os direitos e os deveres de quem não tem trabalho. Bom, foi sobretudo sobre deveres; direitos, nem tanto. Mas, ironia à parte, e contrariamente às minhas expectativas, valeu a pena.

Quando ficamos desempregados, tendemos a procurar informação de todas as formas e mais alguma. Falamos com meio mundo, se conhecemos alguém que trabalhe em recursos humanos essa pessoa fica provavelmente cansada de nos aturar, e, claro, passamos longas horas a investigar em sites, fóruns e blogues. O resultado destas empreitadas torna-se facilmente angustiante: acumulamos uma infinidade de indicações contraditórias, que não somos capazes de seleccionar nem tão-pouco de descodificar. E, para piorar o cenário, quando nos dirigimos aos serviços oficiais para tentarmos separar o trigo do joio é comum ficarmos ainda mais confusos e apreensivos.

Mas hoje não foi isso que aconteceu. Muito pelo contrário. Esta sessão ajudou a esclarecer e a "desmontar" muitas ideias (verdadeiras e falsas). Foi um encontro quase informal e muito pragmático, onde se falou de tudo:  de direitos e de deveres, sim, mas também de leis, obrigações ou multas. Por vezes até com exemplos concretos, para que todos percebessem realmente o que estava em jogo caso a caso. Por um lado, não faltaram alertas; por outro, desfizeram-se vários mitos. Todos puderam fazer perguntas e esclarecer as dúvidas para as quais não encontravam resposta em lado nenhum (ou, pior, para as quais encontravam quatro respostas diferentes). E, como é fatal como o destino que os desempregados partilhem boa parte dos receios e das interrogações, estas encontros colectivos são uma óptima ideia – há sempre alguém que se lembra de algo que nos estava a escapar.

(Entretanto, é interessante constatar a postura dos técnicos do IEFP. Muitas vezes não compreendem a lógica de certas regras, e chegam a assumir que não concordam com elas; por isso, explicam-nas, mas nem tentam justificá-las. Só que isto não é tarefa fácil, sobretudo quando se tem à frente um grupo de pessoas entre o confuso e o indignado.)

2 comentários:

  1. Lamento muito que esteja a passar por esta situação pela segunda vez em tão pouco tempo, Sofia! Dizer que há no país centenas de milhares de pessoas sem trabalho é, simplesmente, fugir à realidade, generalizando-a e abordando-a como uma estatística, uma realidade bem angustiante para quem se encontra nessa situação. Sobretudo quando nos deparamos com portas fechadas que se abrem para os eleitos e escolhidos - para aqueles que têm a capacidade de moverem influências. Sugiro que diversifique a pesquisa pela Europa. Um trabalho que se adeqúe ao seu perfil profissional e ao seu curriculum pode ser mais difícil de encontrar. Por isso desligue-se disse e alargue as escolhas - mesmo as que recaiam sobre trabalhos temporários, como passaporte para se aproximar dos centros onde será mais fácil encontrar aquele que se-lhe ajusta e preenche as suas aptidões. Por outras palavras, saia daqui, Sofia! Não se deixe vencer por estes pequenos imensos obstáculos da conjuntura portuguesa. Boa noite, querida Sofia!

    ResponderEliminar