sábado, 22 de fevereiro de 2014

Dia quarenta e sete.

"Eu sou a pessoa certa para esta vaga."


Às vezes tenho vontade de responder assim a certos anúncios de emprego. Quando preencho os requisitos todos, quando sei que sou capaz de desempenhar aquelas tarefas, quando a área tem tudo a ver comigo, quando gosto realmente do tipo de trabalho em causa. Quando tudo bate tão certo. Qual textinho, qual currículo, qual carta de apresentação, qual exemplo de trabalhos anteriores, qual quê. Era um e-mail só com esta frase e pronto.

É claro que acabo por não o fazer. Do outro lado até pode estar alguém que acharia uma resposta deste género um sinal francamente promissor, mas, por via das dúvidas, prefiro não inovar. Envio apenas aquilo que me pedem - mas faço-o sempre com aquela angústia de quem sabe que há muito que não está no currículo e que é precisamente esse "muito" que faz a diferença. Só falta uma oportunidade para o mostrar.

E depois há o texto do e-mail. Última e derradeira oportunidade para dizer aquilo que o CV não diz. Para mostrar que por A mais B mais C somos oh-tão-bons e oh-tão-indicados-para-a-função. É aí que, nestes casos, eu deixo subtilmente duas ou três notas relativas ao facto de as minhas competências serem precisamente aquelas que se procuram. Se bem que a minha vontade fosse deixar o discurso formal e vazio de parte e trocá-lo por um "sei fazer tudo aquilo que pedem, esta vaga é a minha cara, estou para lá de entusiasmada e preencho todos os requisitos de uma forma tão plena e extraordinária que se estivesse no vosso lugar contratava-me já amanhã".

Presunção e água benta... Eu sei, eu sei. Mas toda eu sou convicção, às vezes. E entusiasmo. E "quem-me-deras".

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