terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Dia trinta e seis.

"E já pensou em ir embora do país?"


Este é um assunto que dá para muitos textos. Muitos. Acho que dá para tantos que até se conseguia fazer um blogue só sobre ele. Desde logo porque tal pergunta pode ser formulada de muitas formas, quer pelas palavras, quer pelo tom. E porque por trás dela podem estar infindáveis motivos, histórias, expectativas, posturas  sendo que tudo isso acaba por condicionar a forma como a pergunta se faz e até reacção que se tem perante a resposta que é ouvida. Por outro lado, quem responde também tem histórias, razões e objectivos, daí não haver duas respostas iguais (variando igualmente consoante a pergunta e o interlocutor). Tudo é (ou pode ser) muito diferente dependendo do contexto.

Hoje fico-me pela abordagem mais geral: quem não tem emprego cruza-se com esta questão muitas, muitas vezes, vinda um pouco de todo o lado, em certos momentos proferida até pelas vozes mais insuspeitas. Já todos nós (desempregados, mal-pagos ou apenas cansados) nos vimos frente-a-frente com alguém que nos faz esta pergunta como se ela fosse simples e que espera, como se isso pudesse acontecer, uma resposta dona da mesma simplicidade, que em meia dúzia de palavras explique algo que pode ser tão complexo. Geralmente, um "sim" ou um "não" não chegam; exige-se um "sim, e", um "não, porque", na melhor das hipóteses um "talvez, mas". Quem pergunta aguarda mais do que um monossílabo e quem responde não sabe se há-de optar por uma espécie de semi-silêncio ou pela explicação.

(E tudo isto porquê? Porque hoje a pergunta chegou. Outra vez. Desta feita, felizmente em tom meigo e  sem pedir justificações.)

Sem comentários:

Enviar um comentário