quinta-feira, 6 de março de 2014

Dia cinquenta e nove.

Situações assim a modos que para o constrangedoras.


Fiquei sem emprego em Agosto de 2010 e só consegui voltar a trabalhar em Maio de 2011, mas a partir daí foi sempre seguidinho até Dezembro de 2013. Quer isto dizer que no espaço de cerca de três anos e meio fiquei desempregada duas vezes, sim, mas no meio disto tudo trabalhei dois anos e sete meses sem interrupções.

Questão: há pessoas que me viram em finais de 2010 mas que desde aí nunca mais se cruzaram comigo. E que agora, por vários motivos, voltaram (ou vão voltar) a ver-me.

Pessoas que no espaço de três anos, entre um despedimento e outro, não me viram trabalhar, portanto.

Pessoas que, ainda por cima, me conhecem bem o suficiente para saberem (ou virem a saber) que estou sem emprego mas mal quanto baste para poderem fazer todo o tipo de juízos a partir daí. Não é que isso me preocupe, porque não preocupa. Mas causa-me um certo desconforto o diálogo típico: " E o que é que está a fazer agora?  Nada.  Nada? Então mas da outra vez também não estava sem fazer nada?"

Ou, à falta deste magnífico diálogo, algo ainda pior. Porque às vezes vale bem mais a bisbilhotice descarada vinda do outro lado do que aquela cara entre o agoniado e o condescendente onde mora a estampa "esta, coitada, só pode ser muito incompetente". Havendo curiosidade sempre há espaço para contarmos a nossa história sem parecermos (demasiado) ridículos.

Ainda que quem nos ouve possa ver a verdade como mentira ou como uma imprecisão por conveniência.

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