quarta-feira, 12 de março de 2014

Dia sessenta e cinco.

Sobre certas maldadezinhas impensadas e ocas.


Sugerir a um desempregado que só o é porque não quer trabalhar é uma generalização cruel. Insinuar que estamos meses (ou anos) sem emprego por culpa da nossa preguiça é maldade. Provocações que incluem sequências do género "as pessoas hoje em dia não querem um trabalho, querem um emprego" ferem e ofendem. Falar só por falar, sem conhecimento de causa e fazendo lei dos preconceitos, é arrogância. 

E, se há dias em que até estamos bem-dispostos e em que esse tipo de conversa nos passa ao lado, outros há em que as palavras nos atingem uma a uma. E isso não é bom. Nem bonito.

Não somos todos iguais. Há quem não queira trabalhar? Há. Há quem só queira o emprego perfeito? Há. Há quem se ache bom demais para trabalhos ditos "menores"? Há. Mas também há quem se esforce todos os dias, há meses e meses, por uma oportunidade que seja. Sem sucesso. Há quem esteja disposto a aceitar qualquer trabalho, qualquer ordenado, qualquer horário  haja trabalho, ordenado ou horário em vista. Há quem envie dezenas e dezenas de candidaturas por mês.

Há quem tente tudo. Mesmo tudo. Há quem queira. Há quem lute anos a fio. Há quem não se acomode. Há quem fuja a sete pés da sombra da bananeira. E, nesses casos, críticas, insinuações e sarcasmos são pura crueldade.

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