domingo, 9 de março de 2014

Dia sessenta e dois.

Formas de ocupar o (pouco) tempo livre de que uma desempregada (ocupada) dispõe.


Já o disse aqui: vivo tão ou mais ocupada quando não tenho emprego do que quando trabalho. Tento dedicar cada pedacinho de tempo a algo ou a alguém. É uma forma de ser útil, de fazer coisas boas e de manter a cabeça preenchida.

Apesar de tudo, é claro que há tempo livre. Algum. Pouco. Pouquiiiinho. É aquele que sobra depois de horas passadas em sites de emprego, a enviar currículos, a responder a ofertas e a enviar e-mails. E aquele que sobra depois de deixar a casa num brinco.

Ora, esquecendo os afazeres e passatempos mais óbvios, como é que se ocupa esse tempo livre? Com planos. Ou assim, ou com outras tarefas. Depende.

O  tempo serve para os recadinhos. Para ir à mercearia ou ao banco. Para resolver assuntos que demoram mais um pouco a resolver e para os quais quem trabalha não tem tempo nem paciência.

Depois, serve para tentar aproveitar a triste sina de "pessoa desocupada" para reencontrar pessoas de quem se sente a falta. Se o cenário for o melhor, estamos a falar de gente que trabalha, o que dificulta bem mais a tarefa.

Fora estas ocupações, mais comuns, é certo que todos temos aquelas muito particulares, cujo interesse pode escapar a meio mundo. Eu cá sou feliz a ocupar tempo, por exemplo, com "prospecções de mercado". Levantamentos de preços de algo que quero oferecer a alguém ou de que preciso muito mas que tem de ser comprado depois, por maior que seja a necessidade ou a importância de tratar do caso amanhã, agora, já – ontem. (O melhor lado disto, para além de estar no entusiasmo antes de tempo, está nas ideias boas, bonitas, baratas e simples que às vezes surgem destas investigações. E dar presentinhos é tão bom.)

Além disso, deste lado o tempo livre tem um alvo essencial: a cozinha. Tachos, tabuleiros, formas, a batedeira, o forno, o avental à anos 50. Receitas e mais receitas. Quando não saem muito caras, experimento-as; quando ultrapassam o orçamento dito "razoável", guardo-as para o dia em que os conceitos "patrão" e "ordenado" voltarem a existir na minha vida.

E, por fim, há o resto que nem merece tal nome, porque é um resto muito grande: todo o tempo, livre ou ocupado, é bom para fazer planos. Para agora e, sobretudo, para depois. No fundo, para sonhar.

E acho que, para o bom e para o menos bom, não há nada mais comum a todos os desempregados do que este pequeno tudo.

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