domingo, 16 de março de 2014

Dia sessenta e nove.

As noites, o trabalho e a falta dele.


Quem é que já não acordou a meio da noite a pensar em trabalho? Ou na falta dele e na falta que ele faz?

Não sou muito de insónias nem de noites atribuladas ou mal dormidas, mas quando este tipo de fenómenos acontece a culpa é muitas vezes do emprego ou do desemprego (consoante as circunstâncias).

Quando trabalho é frequente sonhar com o que tenho para fazer. Acordo preocupada com prazos, com tempos, com tarefas. E fico ali umas quantas horas desperta, ou naquele estado estranho no qual não estamos propriamente a dormir mas em que também não estamos propriamente acordados, confusa, angustiada, presa a algo que não me deixa adormecer (e que em vez disso me provoca uma vontade terrível de me pôr a trabalhar a meio da madrugada, não vá um ou outro avanço devolver-me o sono).

Já as minhas noites de desempregada são diferentes. Claro. Não é que seja dada a sonhos com um futuro penoso, porque não sou. E já fui perita em regressos ao passado, mas isso foi noutra fase da minha vida. Não. Nada disto. As minhas noites agitadas nesta fase são eficazes, produtivas, ali a roçar o genial. É de madrugada que me assaltam as mais brilhantes ideias para o futuro. Tão mas tão brilhantes que o ideal seria enviar logo o CV e delinear em tópicos num bloquinho o plano de acção. (E isto é só porque às três da manhã não fica bem fazer telefonemas. Mas escrever e-mails...)

E o que é que acontece depois? O óbvio. Que passa por duas alternativas. Às vezes a ideia mantém-me acordada tempo suficiente para que se conserve até de manhã. E, aí, costumo pô-la em prática. (Estranhamente, nessa altura já me parece trivial. Só. Nada de brilhantismo.) Mas às vezes esqueço-me dela  coisa que soa a fatalidade e que garante incomodar-me todo o dia (pelo menos). Nesse caso, só me resta o consolo de me (tentar) convencer de que, se me esqueci, foi porque as minhas magníficas conclusões nocturnas afinal não eram assim tão boas.

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