quinta-feira, 13 de março de 2014

Dia sessenta e seis.

A solução óbvia para todos os meus problemas.


Há sempre gente à nossa volta com boas intenções. Sempre. Gente que quer genuinamente ajudar, que tenta fazer muito por nós e que, invariavelmente, parece sempre ter a ideia certa para nos salvar. Uns acham que é tudo mais fácil do que aquilo que realmente é; outros acham que viram aquilo que nós nunca vimos; outros ainda parecem coleccionar ideias, e sempre que nos vêem dão-nos trezentas e cinquenta e sete sugestões; há também os que, cruzando-se com os "classificados", tomam umas notas e de seguida telefonam e debitam anúncios e contactos; por fim, há aqueles que estão completamente fora do assunto, mas que, por serem bem-intencionados, se esforçam por ouvir o que se diz por aí e depois transmitem a mensagem recolhida humildemente, esperando que aquilo possa fazer sentido.

Já ponderei em várias ocasiões vir aqui falar de todas estas boas intenções. Ainda não o fiz porque o assunto é melindroso e longo. Mas talvez venha a escrever sobre ele, sim. Só que, por agora, toda a lista de possibilidades que enumerei ali atrás tem de ficar mais uma vez em stand by. Porquê? Porque há uns dias deram-me a melhor sugestão de sempre para conseguir trabalho, carreira, dinheiro, fama, cama, mesa e roupa lavada. Tudo. A pessoa em causa não me leu uma lista de ofertas de emprego, não descobriu de repente essa maravilha do século que são as empresas de trabalho temporário, não me alertou para nada óbvio só para o caso de eu andar a dormir. Não me disse, sequer, para emigrar. Ou para tirar outro curso. Ou para me dedicar à agricultura (conselho tão em voga há uns dias atrás). Não. Foi muito melhor do que  tudo isto.

A pessoa em causa disse-me "vai a concursos". Isto. Só isto. Quer dizer, depois explicou qual era a ideia. Mas a primeira abordagem foi esta. "Vai a concursos." Porquê? "Porque essas raparigas que agora aparecem na televisão foram todas a concursos, tu não vês? Todas. Foram a concursos da televisão e depois foram buscá-las para apresentar coisas e agora olha. São famosas e ganham dinheiro e até aparecem nas revistas e tudo!" E todas estas pseudo-novidades universais ditas assim com um ar entre o conspirativo e o recriminatório.

E eu que tenho um blogue há sessenta e seis dias. Como é que não pensei nisto dos concursos antes? Quanto tempo desperdiçado. Quando é que abrem as inscrições para o próximo reality show desta terra, mesmo?...

Sem comentários:

Enviar um comentário