quarta-feira, 19 de março de 2014

Dia setenta e dois.

Uma manhã de balcões.


Uma manhã que começou na fila para a Loja do Cidadão. Se não estavam ali duzentas pessoas, poucas faltavam para a conta estar certa. (Claro que nove décimos dessas duzentas estavam ali para ir à Segurança Social. Tanto assim que uma hora depois de a Loja abrir já não havia senhas para o mais ruim dos estaminés que ali existem.)

Eu não fui à Segurança Social (se tivesse ido, talvez ainda lá estivesse). Fui, sim, renovar o Cartão de Cidadão. E agora segue-se um breve apontamento provocado, só pode, pelo mau feitio de quem não tem emprego: por mais que puxe pela cabeça não consigo perceber porque é que temos de pagar a renovação do dito. Eu nem nunca pedi a ninguém para o ter, quanto mais para que mo fizessem com prazo. (Este discurso de pessoa-que-acha-que-está-tudo-mal-e-que-é-uma-indecência-andarem-aí-a-tirar-nos-dinheiro-descaradamente é próprio de quem acorda cedo e sem trabalho, suponho. Ah, e de quem não gosta de andar por aí a semear dinheiro só porque sim, já agora.)

Tive mais sorte do que os fregueses da SS: hora e meia depois, saí. Impressões digitais registadas e assinatura gravada. (Já agora, sou só eu que não consigo que a assinatura, feita ali, fique compostinha?) Tendo em conta os meios dias, no mínimo, que se costumam perder nestes sítios, até que nem correu mal.

Paragem seguinte: a junta de freguesia, para a apresentação quinzenal. Ou, melhor dizendo, para a salvação do dia. A sério. Estou a pontos de perdoar o iluminado que inventou tal coisa. É inútil? É. É aborrecida? Sim. É incompreensível? Pois. Só que, quando julgamos que vamos ficar mais uma eternidadezinha à espera e acontece exactamente o contrário, a surpresa é tão boa que por momentos até nos reconcilia com o absurdo. É verdade que já as duas últimas edições tinham sido assim, mas uma pessoa vai sempre de pé atrás. Nunca fiando na ligeireza destes atendimentos. Seja como for, certo é que entre o chegar e o partir voltei a perder menos de cinco minutos. Notável, isto. Notável.

Dois balcões. Dois.

E mesmo assim consegui chegar a casa antes da hora de almoço.

1 comentário:

  1. Boa noite!
    Realmente é tudo muito complicado. Estou passando pela mesma coisa, estou desde dezembro de 2013 desempregado e cada dia que passa é uma angústia. Tenho experiências e qualificações e não entendo tantas portas fechadas. Até o momento, só fiz duas entrevistas e sem nenhum retorno. Tenho tantos planos para o futuro. Estou tentando concursos faz anos, mas sem obter exito. Essas agências de emprego não servem de nada, eu mesmo só mando currículo por e-mail. Passar em um concurso público é o único meio de termos algo que realmente nos traga segurança e estabilidade. Infelizmente vivo no Brasil, país de poucas oportunidades. Boa sorte para você aí em Portugal e para mim aqui no Brasil. Abraços!

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